É quase infalível encontrar o nome deste santo em todos os
livros de apologética no capítulo referente às confissões. De fato, ele foi
considerado mártir da confissão, e os habitantes de Praga têm grande veneração
por este santo que o rei Venceslau fez encarcerar e, depois de o torturar,
mandou afogá-lo no rio Moldávia, na vigília da Ascensão de 1393.
Nasceu em Pomuk, na Boêmia, em 1330; daí o seu nome de
Nepomuceno; seus pais eram pobres, e estavam em idade avançada quando tiveram
este filho pela intercessão da Santíssima Virgem. Para sempre se lembrar da
afeição que devia ter para com Nossa Senhora, deram-lhe o nome de João.
Enviado em boa hora à escola, ali aprendeu primeiramente os
responsos da missa. Desde que os soube, ía todas as manhãs à igreja dos
Cistercienses, fora da cidade, e lá servia todas as missas que se rezavam. As pessoas
sábias auspiciavam desde então alguma coisa de grande. À piedade mais terna,
ajuntava espírito muito vivo. Seus pais o mandaram estudar a língua latina em
Staaze, considerável cidade do país. Aí estudou humanidades, sobretudo a
retórica, com maior distinção.
Foi mandado a Praga, para estudar teologia. Carlos IV,
imperador da Alemanha e rei da Boêmia, acabava de fundar a universidade de
Praga sob o modelo das de Paris, Bolonha e Pádua. Atraíra mestres hábeis de
todas as partes da Europa, e os havia contratado, prometendo-lhes magníficas
recompensas. A nova universidade ficou célebre desde o seu início. Para lá se
dirigiu João Nepomuceno e colou grau de doutor em teologia e direito canônico.
Desde os primeiros anos sentiu forte inclinação para o sacerdócio
e para isso havia destinado todos os seus estudos. Não se apresentou ao bispo
senão depois de ter passado um mês em retiro e purificado a alma pela oração,
jejum e mortificação.
Assim que recebeu a unção sacerdotal, ordenaram-lhe fizesse
valer o raro talento que tinha pela pregação. Sua fama de orador sacro
conduziu-o à Corte, onde ocupava os cargos de capelão e confessor.
Venceslau, o rei, era indivíduo de mau caráter. Dado às caçadas
e possuía grande número de vícios. A imperatriz Joana, filha de Alberto da
Baviera, era princesa ornada de todas as virtudes. Tocada pela unção que
acompanhava os discursos de João Nepomuceno, escolheu-o para diretor
espiritual. Tinha necessidade de tal guia em meio aos desgostos que lhe
advinham da parte do imperador.
Quanto aos fatos em si, que levaram são João Nepomuceno ao
martírio, ainda não são bem conhecidos, e dificilmente o serão. Narra-se que o
rei exigira dele a violação do segredo da confissão da rainha, ao que ele, como
bom sacerdote, se opôs. Deste fato, porém, só se fala pela primeira vez na
Crônica Imperial do ano de 1449. Ao que parece, baseado em notícias mais
antigas, João teria querido defender os direitos da Igreja contra as pretensões
do rei, que desejava a constituição de um novo episcopado na Boêmia.
Logo que o imperador o mandou afogar nas águas do Moldávia à
noite (para esconder do povo o crime), Deus tornou público o crime pelos
milagres que cercaram o cadáver, envolto numa grande luz. Sucederam-se depois
muitos outros milagres. Foi canonizado em 1729.
Extraído do livro: Um santo
para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini
Fonte: Paulus
Foto retirada da internet
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